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Clima impacta e safra de trigo de SP encerra com volume menor

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6 min de leitura

As variações climáticas enfrentadas em 2024 trouxe um impacto amargo para a produção paulista de trigo que deve encerrar o ano com números abaixo do esperado. As informações são da Câmara Setorial do Trigo.

 

Segundo o presidente da Câmara, Nelson Montagna a safra 2023/24 foi marcada por diferentes frustrações. “Nós estávamos com uma expectativa de produção entre 320 e 350 mil toneladas para este ano, mas, aparentemente, pelos números levantados não chegaremos nem a 300 mil. Essa é uma queda expressiva, resultante dos efeitos climáticos e do incentivo à produção de outras culturas em detrimento do plantio de trigo na região”, detalhou Montagna.

 

Montagna reforça que tem acompanhado de perto a evolução do grão no estado, que cresceu em qualidade nos últimos anos, o que anima o setor moageiro e auxilia na garantia de compra pela indústria.

 

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Clima interferiu em toda safra de trigo nacional

 

Segundo Jonatan Pinheiro, analista da StoneX, o resultado direto da quebra sofrida pelos produtores brasileiros logo no início da safra, desencadeou inúmeras baixas e interferiu na qualidade do trigo em todo o país, prejudicando os produtores e a indústria como um todo.

 

“No momento, com a colheita chegando ao fim, a expectativa é que a qualidade do trigo ainda seja superior à safra anterior, mesmo enfrentando a seca, principalmente na região Norte do país”, declarou Pinheiro.

 

Segundo ele, entre os principais fatores baixistas para o setor brasileiro, estão as melhorias climáticas nos Estados Unidos e na Rússia, a manutenção da exportação pelo Mar Negro e o ingresso da safra argentina, com produção e estoque disponíveis. Já os fatores altistas estão relacionados à maior demanda asiática por importação e consumo, ao menor estoque global, que resultará em uma crescente acessibilidade de mercados, e às restrições das exportações na Rússia, com maior imposto para exportação e preço mínimo acima do mercado.

 

Perspectivas Futuras

 

Para 2025, as expectativas são positivas. De acordo com o presidente da Câmara, o trigo voltará a remunerar. “O mercado poderá observar preços mais firmes na safra 2024/25 e uma melhor qualidade do material produzido”, afirmou.

 

Na visão de Pinheiro, o ano também será positivo em precificação para o produtor, ponto que colabora diretamente para um melhor desenvolvimento da indústria.

 

“Com a expectativa de melhor precificação, falamos, eventualmente, em ter menos dor de cabeça na hora de lidar com a farinha, que acessará um mercado melhor”, ponderou.

 

Mudança climática afetou outros mercados

 

Ao analisar a produção global do trigo, o representante da StoneX, Jonatan Pinheiro, frisou a queda de 2,8 milhões de toneladas em comparação ao ano anterior. Segundo ele, o cenário é resultado das mudanças climáticas enfrentadas pelas principais regiões produtoras, como as Américas e a Europa.

 

“Os Estados Unidos apresentaram uma pequena redução de estoque, mas sem preocupações uma vez que o país segue com uma ótima safra, já colhida e consolidada. A Europa, por sua vez, sofreu ao longo de toda a safra em decorrência de chuvas intensas, com volumes elevados de água, e por isso hoje apresenta uma redução muito significativa em relação aos resultados comparados às colheitas anteriores”, exemplificou.

 

A Rússia, por sua vez, sofre com a queda de mais de um milhão de toneladas.

 

“No processo de colheita, constatou-se que os resultados, também em decorrência das questões climáticas – como períodos de seca seguidos de elevados índices de chuva e geadas – não seriam tão positivos para o país. Já a Ucrânia, até o momento, apresenta o terceiro reajuste positivo, com nítido aumento de produção”, complementou.

 

Em relação à Ásia, Índia e China seguem estáveis, com índices positivos de produção, colheita e consumo, sem causar impacto ao cenário global. “No entanto, os estoques indianos estão muito abaixo do esperado, por isso não podemos descartar a possibilidade de a Índia comprar trigo no mercado internacional”, indicou.

 

Por fim, a Austrália contará com uma safra melhor do que no ano anterior, porém uma geada entre o final de setembro e o início de outubro pode afetar a consolidação da safra. Um cenário similar foi vivido pela Argentina, que em setembro enfrentou uma forte seca, o que pode interferir na produtividade local.

 

“Para 2025, olhando para o desenvolvimento argentino – com a expectativa de uma grande safra e estoques elevados – o mercado nacional tem apontado uma alta nas cotações. Por isso, imaginamos que haverá uma pressão de safra, fazendo com que o mercado ceda um pouco. Contudo, é um momento interessante de compra para as indústrias, o que também colabora para uma melhor precificação no mercado interno. Em resumo, todas as cadeias se beneficiarão de uma safra argentina positiva”, afirmou.

 

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